segunda-feira, agosto 03, 2020

eu, não caio no seu jogo minha querida
nem vou te dar a mão
assumo a decisão de me perder
sem você 

quarta-feira, julho 29, 2020

no silêncio dessa noite mortuária
onde os cães bradam incestuosos
a evoco sem nenhum propósito
amizade tão embrionária

sigo só em monólogo excelso
noctâmbulo escolto as ruas
solicito a presença sua
às deidades desse multiverso 

julgo ser espécime ordinária 
com o cigarro iço filosofias
e nem Sócrates questionaria
minha maiêutica missionária

e você indiferente a tudo
que inalterada repousa
nada aspira e acertará na mosca
no meu âmago em absoluto



segunda-feira, julho 27, 2020

vê que sorte de nós dois
quando tudo passar
eu sei vai estar aqui
para você vou estar 
que bom poder pensar
um mundo pra depois
que sorte de nós dois

domingo, julho 26, 2020

gérmen do amor arbitrário
insiste crescer  no silêncio
fecundo e inoportuno
detém de tropismo imenso
alterna entre as gerações
desperta latente estigma
motiva nas populações
desejo evolucionista

sábado, julho 25, 2020

vem da força coletiva
o ímpar do indivíduo
montante do amontoado
de óticas e audições
se avançam produções
e a arte de consumo
é na matéria das gentes
que agenciam seus insumos
fetichismos musicais
traiçoeiros quiproquós
tudo o vulgo sintetiza
ajunta aos borogodós


sexta-feira, julho 24, 2020

escondidos pelas sujas persianas
sei que lá os meus afins afluem tísicos
se vão curvos igualando-se em físico
os obriga o putrefato expectorar
gota a gota linfas negras a espraiar
do galope do exército defunto
findam lá e eu aqui padeço junto
na comédia fatalista brasileira 

quarta-feira, julho 22, 2020

por influencia do zodíaco
ou quem sabe da genética
em delírio lancinante
a procura de uma estética
ela vai cambaleante
com cautela hipocondríaca
acha tudo interessante
favorável à sua ilíada

em seus centros cerebrais
saldos do que ouve e lê
e memórias ancestrais
que não pôde escolher
microcosmo, macrocosmo
pegadas de sapiens velhos
uma indústria poderosa
à mercê de seu caderno

terça-feira, julho 21, 2020

com sua tropical vocação
e seu infortúnio ancestral
rabisca umas formas estéreis
invoca o subjetivo
sujeita de um "eu" escondido
e afrodisíaco orgulho 
estranha se prova existindo
abrindo portais ao samsara

quinta-feira, julho 09, 2020

nós duas nessa suíte
entre alto e contralto
no arranjo dedilhado
Debussy impressionista

tu com pose de artista
controlando o andamento
sinto que nossa dinâmica 
vai crescendo e crescendo

lembro do nosso acidente
não te ver me foi um fado
na distância de uma quinta
o choro corria largo

um alemão com nome Hertz
com a sua interferência
pra gente desejou jazz
só aumentou nossa frequência

voltamos à nossa roda
depois dessa partitura
dando ainda mais no coro
com trinta novas posturas

notou nossa ligadura
viu que presto, eu prestíssimo
nos arranjou a capella
acompanhei o seu ritmo

só de te ver eu me allegro
teu sol maior me invade
ópera o melhor de mim
na minha porta vira a clave

quarta-feira, julho 08, 2020

entre os transeuntes moribundos
repartidos pelo centro da cidade
eu do alto da minha pouca idade
sei do passageiro em mim

pombas sentam em fios eletromagnéticos 
ratos roem um homem preto e seus chinelos
e cornetas gritam vindas de um citroën

tropeço no passo
da gravidade outro refém
ruas são mosaicos
zés se entranham em joãos

carros, caminhões
fétidas vielas
algo em mim desperta
e o mundo cancela

domingo, julho 05, 2020

seja o ser que se sabe
adentra o corpo teu
verá rei e plebeu
também réu e juiz
ouça o que se diz 
igualmente o que cala
abra os olhos para dentro
toma sua antessala
se demora em si.

sábado, julho 04, 2020

chama
línguas de fogo varrem a casa
fundem concreto e a história
dos que aqui não habitam mais
em combustão o que foi necessário
camas, estantes, livros empoeirados
fantasias tristes de velhos carnavais
estalos surdos gritam no espaço 
e flamas munidas de cores primárias
espalham, azuis e vermelhos fatais
e o mundo é cinzas.
reexistir
modelar-se em escombros
de batalhas perdidas 
no manto da desordem
cravejar as feridas
fazer do lodo liga
e das pedras suporte
águas das tempestades
tiram vermes dos cortes
com a mão que tremula
agarra-se a si mesmo
instaurar resistência
no terraço do medo.


quarta-feira, julho 01, 2020

ofício

idéias embrionárias
gestação intuitiva
pontapés iniciais.
transfere. nutri. sente.


                   cria.

terça-feira, junho 30, 2020

eu sei bem de quem eu sou
sem pena me aponto o dedo
a mim não presto favor
me exponho a todo medo

há senhora nessa terra
feitora para esses feitios
sei de cada veia aberta
sinto o fluxo dos meus rios

me imponho desafios
me escancaro os meus segredos
me coloco a meio-fio
dos mais pérfidos enredos

que me chamem de carrasca
afetada, masoquista
dirijo o meu transcender
faço minha a minha conquista

domingo, maio 17, 2020

manhãs
para céu azul
e café preto
para orvalho
e oração
para labuta
e moletom
para seu sorriso
e bem-te-vis. 

sábado, maio 16, 2020

é capim e grama
é cama e leito
é leite e peito
é feito e acabado

quinta-feira, fevereiro 27, 2020

que eu não te sirva de espelho
que não repita sua figura
nem que eu acabe em mil pedaços
e que você cause a fissura
não serei eu tua criada
mas sim minha própria criatura


sábado, novembro 17, 2018

eu cruzo sozinha
uns poucos poetas avistaram essa linha
caminho medonho
me agito, sou arjuna
destino é o plano
soprada a concha
tão clara minha meta

Bento sentiu na cabeça estrondar a machadada
entendeu o ensinamento depois de feita a burrada
é xangô seu grande amigo, só amigo dá lição
para que nunca o inimigo se aproveite da sua falha
xangô abre um buraco para livrar a sua cara

segunda-feira, agosto 20, 2018

G#m7 C#m7 Amaj7 F#m7
sim, vou te deixar mais sozinha
entendi o problema sou eu
nunca quis rotular você minha
sua independência sempre comoveu

e se outra for amar
sei que vai ser feliz do seu lado
em você vejo tanto futuro
não te quero agora vivendo o passado

eu te levo no meu som
vou pensar ao tomar uma breja
nas conversas que a gente tinha
piadas, risadas, do jeitim que cê beija

e se me apaixonei
pela linda pessoa que é
disso sempre irei me lembrar
o melhor de você vai onde eu estiver




segunda-feira, setembro 18, 2017

eu vi montarem cá em mim um mosaico de idéias 
entre nietzsches, basquiats, daltons, seixas e outros fellas 
adicionaram em minha lavagem letras, números, canções 
se ignorância é uma benção as minhas queixas têm razões 

entre dó, ré, mi, fá, sol, lá o homem trava ao ver a si 
me despertei e quis chorar mas vi os que morrem de rir 
já sinto o nano, o micro, o cosmos e nem aos 30 eu cheguei 
se meus tutores já se foram o que eu faço com o que sei?

quinta-feira, junho 29, 2017

brotou cá em mim uma nova escrita
pintada em página ninguém acredita
que me habilita a falar bem mais
da caneta a tinta, agua pro meu cais
piou cá enfim muita rima fresca
de uma língua morta, viva na cabeça...


espanto!
ela aqui surgiu de forma espontânea
com pressa tamanha de me ocupar
e eu que culpara quem daqui partiu
bem antes de abril me vi partilhar
dos panos, silencios, dos costumes bobos
sorrisos ao ver os bichanos passar
e a não esperada, repentina estadia
traz qualquer alegria que custo explicar
no silêncio despejo meu imenso receio
ignoro o alheio que ela quis ignorar
o futuro possível e o recente passado
desenham lado a lado o difícil de olhar
no entanto vejo.

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

entrego ao tempo os meus "quases"
meus ponta-pés iniciais,
idéias-embrionárias chegadas já como partos
cada inicio sem um fim
minhas provas do improvável
todo talvez que alegrou



sexta-feira, janeiro 13, 2017

sei nada das letras
e elas tanto de mim
soletro a palavra "desassossego"
e ela me parte

quarta-feira, janeiro 11, 2017

no encalço do que não vejo, sinto.
desmedida é a força ao caminhar
oh homem que nada sabe
oh dias que nada englobam
haja sangue para secas veias
venha paz, tomar esses dias

fito a terra habitat dos homens
salto homens amontoados
e ao longe cantam pássaros que se acidentam aqui

princesas em vestidos azuis
tules, sapatinhos envernizados
e há sempre lobos a espreita
há sempre arbustos fingindo casas

tremendo corte, oh meu deus!
tremendo impasse!

saltam mil notas, penetram os ouvidos
moscas azuis rodeiam a carniça
agora os caniços de nada nos servem

segunda-feira, janeiro 09, 2017

eu voltei para o meu real
aquilo que fui podendo ainda ser
esse eu que me alegrava, que pensei ter afogado em meio a tanta angustia, tanta magoa
não, meu eu apenas dormia, meditava.
preferiu o silêncio a falar para ouvidos surdos
e hoje ele que ainda sou eu retorna mais forte para o que veio.
para saber do real é preciso se embrenhar em meio a mentira. e como não se abalar com essas coisas que nos ocorrem? com os olhares acusadores, com os silêncios constrangedores? Talvez seja somente com o exercício diário que ei de vencer o dia-a-dia, será essa a saída?
(7 de novembro de 2016)
ai de mim que desassossego
me cobraram um novo verso
e eu que ando tão sem enredo
retomei esse tema velho

o poema me escapa
o verso não me quer
e eu que fui a amante das letras
mais do que de qualquer mulher

não tem jeito essa treta
não sei como escapo
me espeta a caneta
papelão esse o meu

eis a morte do poeta
basta que levantem a cruz
não enxergo a rima certa
pra canção que não compus

(7 de novembro de 2016)

 A ; A/G; Bm; C#7

eu imaginando você em seu lugar
cenário que sozinha levantei
cercada por mobilias do Japão
em nova york ou são paulo não sei

deitada a cama exposta ao sol
vem o cachorro te lamber a mão
enquanto em silêncio te expio
e começo assim essa canção

(15 de setembro de 2016)
senhor dos vales profundos
valei-me me arraste para luz
se é tu a mãe disso tudo
te suplico, venha, me conduz!
como é feia essa ferida aberta
vasto vão expelindo pus
como é duro andar por essa terra
nos meus ombros pesa tua cruz
(9 de setembro de 2016)
nessa fantasia de fazer-me sua
de prostrar-me nua frente ao abajur
sob a meia luz
vê-se fraca a vida
morto o que supus

desde o amor In Vitro
aos meus pés descalços
estéril palato
mesmo em dissabor
matizados os pêlos
pela insone noite
quebrados os espelhos
de outros que sou

teto imóvel tenta esmagar-me
trago o destilado, tomo o meu destino
sei ser indecente tanta angustia inerte
face ao desalento me pego sorrindo

derramo ao tapete ordinária verve
desmerecimento às letras que li
a rosa no vaso sobre a mesa fede
volto- me a cama, atiro-me ali

vive cá em mim a mãe de um menino
que evade a sua pouca obrigação
mas mantêm com zelo a mão hasteada
em sua vigília, não bate ou afaga.

(13 de julho de 2016)

e já passado alguns anos
afirmo que estou bem
entre mil banhos e rezas
ao passado amém

enfim eu me ajustei
enfim eu resetei
enfim dei costas ao fim
é só futuro e além

ave maria
cruz credo
só por deus
oxalá

estando tão bem comigo
vou deixar como está
o copo está meio cheio
o corpo está mais inteiro

esse benzinho me fazia mal
mas hoje estou legal!

(11 de julho de 2016)
nada sei dos astros
e ela me disse que eles determinam passos
achei até esquisito
que dando um zoom no zodíaco
sabia tudo de mim
e me falou sobre a lua
minha ascendência e a sua
ser virgem com escorpião
e enredadas ao tempo
entre os cafés e o Camel
ouvia a voz de Vênus

(17 de junho de 2016)
quando o tempo deixar meus passos curtos
e meus olhos nevoados para os dias
no meu riso por algo de obscuro
inundar de certeza as fantasias
se imersa na estrada eu me esquecer
de onde vim onde estou e aonde ia
peço a Deus para enfim me conceder
um final calmo no fim dessa trilha

do que a vida prepara para mim
entre as coisas que eu mesma vou criar
se eu fiz se não quis se foi assim
que entre eu eu consiga me encontrar
pois tristeza maior não deve haver
que sentir-se estrangeiro em sua terra
ser menina no alto dos meus anos
torna inútil o que juntei nas guerras

nas guerras por mim
nas guerras em mim
para a guerra do fim.
(6 de junho de 2016)

não sei bem se aqui devo
tencionar te descrever
que se penso em ti, me vejo
e é estranho ser você

se te sou, logo me quero
a isso chamam “auto-amor”
egoísmo mesmo sincero
me querer se eu te sou
(18 de maio de 2016)

quente e expresso, não há café corrido que seja bom
o amor preso a mil caracteres teima em não fazer jus ao que te quero
bebo e espero que as papilas esqueçam o desgosto
retardemos as vontades, tomo o ônibus às 10.
(11 de maio de 2016)
enquanto eu do alto dos meus dilemas pitorescos
lavo os buracos que os pontos interrogativos vão deixando
assim calada cuido do cabe a mim cuidar
do que é da terra alimento vou adiando

ouço automóveis que carregam as famílias
com suas tralhas, cachorros, feias crianças
paro um segundo a avaliar: que valem as crias?
e o ponto no fim do pensar vai machucando

queria eu ter a certeza dos passantes
correndo de um lado a outro da cidade
não sabem bem no entanto vão adiante
os levam os pés a mil lugares já de praxe
(11 de maio de 2016)
Mesmo que eu trace um labirinto voraz
que me prenda ainda mais
e me faça enfim sucumbir
veja só

mesmo você
nesse vicio de ser que é
na tua opera ó mulher
e o veneno a decantar
veja bem

há inglórios demagogos
infiltrados, na surdina
na infâmia filantropos
operários em batinas
e eu!
(20 de abril de 2016)
mundo ilusório, feito por homens!
hipnagógico induz ser sonho o que vislumbra os acordados
e o astro enredado por esporas invisíveis saracoteia afim de expurgar-se das larvas
venha a nós filosofia!
arme-nos o cadafalso!
que é mesmo angustiante milênios dessa espera
e ser bacoca dentre milhares me desperta a ousadia
receio que queira olhar nos olhos de quem move as máquinas.
(6 de novembro de 2015)
jurei não mais desespero
que é pouco esse desgaste à vida
lágrima não me serviu de tempero
para mim é ouro gota a gota saliva
sede de mundo

(5 de outubro de 2015)
corremos o risco de não sermos nós mesmos
porque olhos alheios nos sugam aos poucos enquanto as pedras das calçadas escondem-se entre pernas
estamos por um triz
um triste, obsceno e miserável fim
não há soma, só mulheres que seguram cartazes na praça da sé
os ponteiros cansados dos relógios voltam-se para trás
e os corpos jazem mesmo que os pulmões a mil.
(30 de setembro de 2015)
a base é minha
intenção minha
cada palavra
e cada pausa
tem porquê
a minha rima

a lida é minha
a letra é minha
a vida
a sina
a vida
assino

estrada minha
a pedra é minha
carreira
a carga
carreira
o pó

a causa minha
a força minha
pegada
passada
passado
meu só

(25 de setembro de 2015)

membrana, couro, película
o maior órgão do corpo
quando exposto se eriça

(16 de setembro de 2015)
dos enterros que vivi
procissão, caminho longo
crisântemos, lírios, jasmins
mesma cruz presa ao topo
muitos mortos eu senti
pouco ar e tanto corpo
algo de mim deixei ir
doei vida ao que ali morto

(14 de setembro de 2015)
eu vi felicidade em ter falado
finalmente não me quero do seu lado
eu vi felicidade em ter falado
finalmente não te quero do meu lado

(4 de setembro de 2015)
quis medir finalmente o que o “nós” continha
apurei que me expunha e você me escondia
te enxergava e me via
desejei, só me quis
meu abraço foi laço
deu-me a mão por um tris
te vesti com minha arte
pôs-me a beca do oficio
salivei por sua língua
sorriu por artifício
você hobby
eu função
te quis sim
fez-me não
(23 de agosto de 2015)
veio a fugir do açoite
cruzando a noite
sussurrando prece
à ave-maria
e ninguém sabia
e ninguém a  via

veio num desvario
veio cruzando rio
tanto calafrio
mesmo assim sorria
e ninguém a via
e ninguém sabia

veio desatando o freio
vomitando anseio
veio como veio
ao mundo nascia
e ninguém sabia
e ninguém a via

veio tropeçando em si
sem comer, dormir
veio eu a vi
nas portas do dia
vi o que ninguém via
sei o que não sabia

veio tupã, zumbi
cheirando a  poti
veio aqui cair
na tarde vazia
só a ela eu via
fiz dela minha guia

(26 de julho de 2015)

quem sabe das coisas que sei?
no subconsciente mantido latente, tão subcutâneo
há coisa em mim que por si só faz planos
cá na minha carcaça, sem fazer ameaças, age
leio, toco, absorvo um catálogo imenso
e do meu repertório pouca coisa controlo, penso
se a cabeça repouso isso tudo se transa
rompem-se mil lampejos, meu oculto então vejo
minha matéria em sua dança

(8 de julho de 2015)
eu hoje pensei em nós
e eu que hoje estou só
agora tanto faz
me desfaço em lágrimas
e você sorri pela manhã
para outro que nunca soube de mim

aqui tudo ficou assim
cinza demais
feio demais
triste demais
e eu pequeno

não olho em meus olhos diante o espelho
me escondo
ah, se isso for adiante
vou me sacrificar
reencarnarei a ovelha
que você um dia matou

(8 de julho de 2015)

nunca mais soube dos seus passos tão tortos
dos seus medos, conflitos, as besteiras que gosto
nunca mais senti dores pelas dores que tinha
nunca mais me vi só em sua companhia
nunca mais ansiedade, nunca mais exaustão
nunca tarde vazia, nunca mais alegria

(7 de julho de 2015)
azuis, violetas e vermelho
em mim pulsam tantas cores se me ponho frente ao espelho
feito um grande novelo
me enrolo em cores mil
acompanho as estações
como as frutas do brasil

azuis, violetas e vermelho
sou um misto de nuances
vivo minha policromia
pontos, retas em pinceladas
feito o povo da minha terra
mais e mais miscigenada

(15 de junho de 2015)

a cultura
que comporta muitos profissionais (viva o etiquetador!)

a cultura para o publico em geral
quer merecer reflexão

campo artístico
reformulada a pesquisa
demolida qualquer justificativa

nitidez sobre o tênue quadro cultural
em detrimento da razão ou função
para além da estreita narratividade.

(15 de junho de 2015)

ramses ordenou
homero escreveu
sun tzu guerreou
confucio entendeu
aristóteles pensou
alexandre cresceu

sansão se penteou
salomão enriqueceu
a maria gerou
mas josé não comeu
o judas entregou
e jesus  renasceu

colombo encontrou
e o índio perdeu
maquiavel historiou
galileu galilei
voltaire ensaiou
beethoven ensurdeceu

lincon negociou
allan põe bebeu
foi graham bell que ligou
o kardec atendeu
edison que bolou
bob marley acendeu

freud analisou
van gogh enlouqueceu
teresa ajudou
henry ford empreendeu
o hitler judiou
albert einstein judeu

todo mundo morreu
todo mundo morreu
todo mundo morreu
todo mundo morreu
todo mundo morreu
deixa eu!
(12 de junho de 2015)

não gosto da boca do homem que fala
não gosto da boca do homem que cala
eu gosto é de boca de bicho
o bicho que come carniça ou ração
o homem também come isso
o homem também come bicho
mas homem me fala de educação
não gosto da boca do homem que fala
não gosto da boca do homem que cala
não gosto da boca que fala não

(12 de junho de 2015)
contemporaneidade
também contem coisas velhas
somado alguns conteúdos
com tanta coisa de agora

contemporaneidade
com tendas pela cidades
de gente com pouco idade
contanto que me contente

contemporaneidade
com tempo ei de entender
o templo do que é novo
contemplo tentando crer

contemporaneidade
contem pó, temor e  têmpera
e o tumor que argumenta
sobre a  sua idoneidade
(11 de junho de 2015)

quando foi
eu fiquei
com as solas dos meus sapatos
assim me esparramei
por onde passam vermes, ratos
pelo esgoto rolei
nele lavei meu desgosto
ninguém viu
do que sei
rastros, digitais ou rosto
começou, teve fim
passado o primeiro passo
assim voltei pra mim
da forma que sempre faço

(11 de junho de 2015)
raciocínio
é real
na raiz
na razão

raciocínio
pode inteiro
fracionado
sem padrão

raciocínio
vem em raio
em um círculo
constante

raciocínio
positivo
negativo
resultante

raciocínio
tem volume
vertical
horizontal

raciocínio
linear
variável
irracional

raciocínio
ordenado
dá a ordem

raciocínio
é potência
é produto
projeção

raciocínio
quociente
se quadrado
redução

raciocínio
me estima
me escala
meu domínio

raciocínio
quanto mais
menos sofro
raciocínio

raciocínio
ordenado
dá a ordem

(11 de junho de 2015)

o que penso
penso ser importante
penso em coisas que se escondem em uns livros da estante
nesse instante
penso em que pensava antes
gosto de pensar pra trás

curioso o que o pensar na gente faz
pensar de hoje constrói coisas do amanhã
pensar futuro
pensar passado
pensar um novo pensamento logo traz

pensar o velho
pensar moderno
o pensamento fez de darwin um homem eterno

pensar eu quero
penso, repenso
penso mais tenso
penso que penso
(11 de junho de 2015)

pode ser hipocrisia
ser besta esse crença minha
de que a vida vai melhorar

nos acordam dias cinzas
buzinas, pombos doentes
o vizinho indiferente
gritando com a esposa triste

sou dessas que ainda insiste
que o amanhã corrige erros
e diante do espelho
vejo em mim a humanidade

pode ser coisa da idade
cegueira, cabeça-dura
doença velha sem cura
reflorestar vem da muda

(10 de junho de 2015)

meu amor foi embora de mim
não me amo, não me amo
verme, vê-me hoje assim
cifrando essa madeira oca
ela responde concordando
7 notas são tão poucas

(8 de junho de 2015)
pela vida sim e não
que nós somos um somado
do que é hoje e o que é passado
resultado: isso aqui

pelo mundo ir e vir
pés concluem-se em duas mãos
água, fogo, ar puro, chão
fui, me sou, tu é e sãos


(8 de junho de 2015)

hoje o homem está numa encruzilhada
cilada que o homem mesmo armou
e pergunto o que tenho a ver com isso
de criança eu me cubro com o bem
jamais me desentendo com qualquer
ao pastor, padre, punk digo amém

e a coisa anda mesmo absurda
já não posso de casa só sair
os meus olhos a TV hoje estupra
meus ouvidos não querem mais ouvir
e as meninas da rua que eu gostava
andam com a boca funda de horror
fico aqui acuado com minha capa
apocalipsou-se o mundo


(25 de maio de 2015)

D7M  A5+  E6 F#m7
enquanto sangro nas garras dessa cidade
vejo mil outros que talvez tenham a minha idade
cantando, sorrindo, abrindo seus olhos,
brincando com o mundo, fazendo planos pra rever amigos

D7M   A5+   E6   F#m7
comigo não sei o que anda passando
eu temo calada a furia dos anos
a noite entristeço pensando saídas
talvez a resposta more lá longe em outro endereço

D  E  E6 F#m7
sim, vou fugir daqui
pra reencontrar o que não perdi

D  E   E6 F#m7
não, basta o desengano
vou me reinventar
provar do que sou
(12 de abril de 2015)

protuberância
ontem mesmo era criança
veja agora o que virou
haja peito
haja força
vou agir como eu puder
como como como como
como deve ser

para assumir essa tutela
é preciso ser maior
maioral, ser mesmo um deus
desfazendo cada nó
amarrado emaranhado enamorado
ela e eu só
como como como como
como deve ser

(8 de abril de 2015)

C7M   Bm7  Am G
não faz uma hora que por essa porta a vi saindo
foram tantas as voltas na minha fala que eu em mim fui sumindo

e ela vai
e eu aqui
mas ela vai
e eu aqui

conheço o roteiro sei que isso para nós não dá certo
eu quero constância ela insiste em jamais estar perto

já tirei minha tropa dessa guerra eu tapei as trincheiras
sangrei em batalhas e hoje é calma minha segunda-feira.

(31 de março de 2015)



besteira se eu disser que é querida
sabe-se amiga dos que lhe abrem sorrisos
e desconfio que até mesmo dos que choram
a todos prende com seus modos imprecisos
e te precede o bem que vejo que persegue
diluí o doce em doses de brio e braveza
às vezes rio de como te interpretam
confunde a sanha adornado-a  à delicadeza


(25 de março de 2015)
Me dói a mandíbula devido a contração. Dormi por três horas na última noite, sabia hoje ser segunda – não liguei.
Ontem no carro tive tonturas, em um primeiro momento culpei o ar-condicionado marcando uns poucos graus, que nada! O corpo vêm me cobrando.Talvez falte pouco.


 (23 de março de 2015)
travada a briga com mim mesmo
e não sei bem se ainda me sou
às vezes penso ser eu dois
se calo um o outro falou
contou o doutor sobre hemisférios
um racional, um criativo
e eu só buscando entender
porque eu faço isso comigo

(20 de março de 2015)

talvez pudesse eu fingir que não me sou
pensar e ser alguém
que aqui já passou
e a devolver a essa cidade
pisar no chão com alheia propriedade

queria eu poder ela reinventar
e então a exibir em todo lugar
que ela cruzou há muito tempo
soltar os seus cabelos para o beijo do vento

eu quero ser ela
para exercer o auto-amor

eu quero a viver
e entender
o porquê se mudou


 (20 de março de 2015)
a mim só vale a produção que escapa a alheios olhares
se tudo o que faço virasse muito a um ou outro
ou mesmo pouco para uns milhares
seria terrível a manutenção
vomito e engulo o que é certo ou questão
sem pensar abrir mão do momento em que faço
nunca vou permitir que se metam em mim
e que falem ser risco se decido ser traço


 (18 de março de 2015)
atravessou a vida conforme faz a ave em veraneio. não teve o que omitir, tampouco sobre o que bradar.
olhou com os próprios olhos as folhas verdes que espelhavam raios solares de manhãs estonteantes. buscou curar sua sede em lagos já banhados pela sequidão. observou em silêncio a morte de homens e assistiu com mesmo sigilo o renascer de  outros poucos. traçou longa caminhada em passos de igual tamanho. esculpiu no abstrato o que pensou ser “constância”.  logo assim se cumpriu.


 (11 de março de 2015)
é naval
é embarcação
é do mar o chão
que posso apoiar

é multidão
de arraia a voar
conchas vem falar
que sou mais um grão

rebentação
zeus a me ninar
mar
mar

vão

(28 de fevereiro de 2015)

me falta e sobra idade
nesses dias já tão baços
a alma corre do corpo
envelhece a cada passo
ando mesmo meio roto
só me lavo em aguardente
ela ajuda e então complica
anima me pondo doente
vivo agora descontente
vou correr dessa cidade
já chegada a conclusão
falta e sobra a sobriedade


 (9 de fevereiro de 2015)
já é tarde demais o presente
vi montado em atraso alado nosso “não mais que de repente”
rompante rompido
novo há muito vivido
moderno démodé
da semente sequer plantada assistimos nossa flor morrer


 (26 de janeiro de 2015)
quando a morte me arremessar à lona
que finde a dor que sem razão fez-se profana
indigna do homem são

se o nocaute enfim me arrematar ao chão
sobre o caixão que muitas palmas reverberem
que eu prevaleça ali, plantado à sete palmos
e cantem àrias os vermes que me comem a pele

que os inimigos beijem as faces de meus filhos
e dêem abraços com seus modos imprecisos
que a tristeza dance sua grande roda
em par com o amor nos olhos de cada amigo

e o personagem que às vezes me fez refém
tranquilo e só, espero o desabitar
concomitante a todos sussurros de “amém”
transado aos vermes na verdade ei de morar

 (21 de janeiro de 2015)

assim que por aquela porta saiu
eu mesma de mim quis partir
a casca é mais oca sem ti
senti isso da primeira vez
desfeito os nós que amarramos
reféns do desdém que criamos
os filhos futuros morriam
ardiam-me os olhos, mar e sal
nesse ano não há carnaval
que impeça a carne de sangrar
por você eu vivi a esperar
e você nada espera de mim


 (21 de janeiro de 2015)
Mais do que querer ir embora, sinto precisar ir.
A sensação do “não-pertencer” se instaura.
Hoje só penso em partir.
Hoje, só.
Só.


 (21 de janeiro de 2015)

essa menina
que nem sabe que eu existo
não me sabe por capricho
ignora a chuva ou sol presos à janela

essa menina
já não sabe mesmo dela
corre os olhos pela tela
e os dedos, touch screen
ai de mim


 (15 de janeiro de 2015)
ê diacho
eu já mergulhei nessa cachoeira
já acendi três velas para padroeira
e fica a questão: eu nunca me acho
debaixo da queda tá o despacho

do rio Paranaguá
se você for cruzar
a terceira a direita
cuidado para não pisar
na galinha preta
cuidado para não desfazer
o que fiz bem feito
vou sanar a questão que trago no peito
é meu direito


(7 de janeiro de 2015)

impreciso o meu amor agora
enquanto ela vai, enquanto está fora
enquanto desbrava um novo horizonte
enquanto insiste daqui ficar longe
enquanto se enlaça em corpos de lá
enquanto esfria esse que quis deixar
enquanto procura se achar no que é novo
enquanto esse cá dia-a-dia mais roto
enquanto se entrega ao que é descoberta
enquanto a outros a porta deixo aberta.


 (5 de janeiro de 2015)
estradas escuras
como eu esperei
que a cura chegasse pelas mãos de quem hoje não me acena um bom dia
e o mundo gira
me enjoa a roda
a espera não faz de mim uma mulher melhor


(17 de dezembro de 2014)
Não queira ser refém dessa pequenez
Nesse vou/não vôo
Nesse sim/talvez
Nesse arrepender do que ainda não fez
Se arrefecer no primeiro mês
Vale ainda tentar a melhor de três
Não peça a conta se não é freguês
eu não busco a forma
muito menos formação
não flerto com a rima
a métrica
a fluídez que chega ao ouvido
nunca quis um desses títulos
poeta, promíscua, possuídora
nada sou e não sou nada
mas permaneço aqui , tecendo
nascendo e morrendo em uma só palavra.


(24 de outubro de 2014)
De repente você esta ali, fitando o objeto de expressão do homem.
Caminha de um lado para o outro, circunda como pode aquela ideia materializada. Ideia materializada. Faz-se atônito por poder sentir, tocar alheios pensamentos. E então o que nasceu dentro do outro é recapturado, algemado firmemente pelo seu olhar inquisidor. Logo passa a alimentá-lo com fontes próprias de energia, tece delicado casulo entorno de seu prisioneiro sabendo que em propício momento irá conceder a ele novamente a liberdade.
E quando o dia chega é você quem está livre.
Eu tava aqui tentando viver longe de você
eu tava aqui pensando o melhor sem sermos dois
depois que enfim partiu, que repartiu meu entender
o claro o escuro, o que é apuro e o que é ter paz
se hoje tanto faz cada lembrança do passado
se hoje me sorri o seu fantasma nos retratos
meu tudo deixo mudo no intuito de reviver
do nada que me cabe sem você.


(13 de agosto de 2014)

terça-feira, julho 22, 2014

Dei mil voltas em torno à casa
Eu sou sol e ela é terra
Movimento? Solo que me é firme!
Vivo de fases, frases, estações
Transladar.
Transito pelos sinônimos,
Transo com os meus frutos e emudeço.


(Jaque Barros)


domingo, julho 06, 2014

Você se aproxima de mim
Com esses modos estranhos e eu digo que sim
Mas teus olhos castanhos
Me metem mais medo que um dia de sol
É... 
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo que um raio de sol
É... 
(Tom Jobim / Chico Buarque)

Ela está por todo lado e me dói respirar. Sou só amor e calafrios! "CALAFRIO" a origem da palavra de certo foi devido o casamento entre a frieza e o silêncio.
Trago ela sempre ao alcance das mãos. Tenho o cuidado de nunca a perder de vista. Conheço cada traço. Sei a exata medida do imenso sorriso, o contei inúmeras vezes, seu alvorecer preso a um furo e o momento crepuscular que reflete no orifício gêmeo esculpido no oposto da face.
Eu a quero infantilmente. Meus sentidos negam toda a herança recebida desses poucos -porém longos- anos que percorri. Repito os crimes cuja as penas conheço por ter cumprido.
Enquanto a tenho prevejo perdê-la. Sou triste matando minha sede nas aguas do oásis que tanto esperei. 


(Jaque Barros)

segunda-feira, junho 30, 2014

bela, enquanto me enrola
vai seguindo o tempo
vai queimando a vela
carros atropelam
o asfalto quente
vê, olhe pra gente
eis que de repente
mundo se encarrega
de carregar nós 
dou vazão à voz
pra não me perder
pr'eu ficar co'cê
em cama quentinha
e ser farinha dessa perna-pão
pra que o coração te desbrave mais.


(Jaque Barros)

terça-feira, junho 24, 2014

sobre a omissão do amor não me ensinaram, acho ofensivo
quem sou eu para esconder o que em nós é tão visível?
sempre ao tentar me saboto
quando amo mudo e não noto
mesmo calada passantes desconhecidos lêem minha letra
pois quando amo fico sujeita
suspeita aos ditadores, aos amantes que não se declaram


(Jaque Barros)

quarta-feira, abril 16, 2014

Olha querida, não gosto do adjetivo mas abuso da licença poética. Vive essa alma de abusos, aliás.
A minha gula infinita,  vontade de matar a fome com uma só mordida, de saciar minha sede no gole que por certo afogará solta-me no terreno das incertezas. E veja só você que nada saber, estar perdida como sempre estive irônicamente me torna plena. Me explico com a boca muda. 
E isso que desde sempre viveu aqui, compõe-me feito os genes dos meus pais. De tempos em tempos tento equacionar-me, tomar-me em medidas, inutilmente.  Sou sim composição mas sem escala definida. Não tenho soma exata, vivo de me recompor. 

(Jaque Barros)

domingo, março 30, 2014

eu te quero dentro de si
alçando grandes voos
te quero tempestuosa
levantando os cenários de belos dias
te quero gigante, amante
assumindo o papel da melhor companhia
eu te quero canário.

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

às vezes eu queria dar um saracundelo na alma
fazer como fiz agora e inventar mil palavras novas
fotografar de novo aquelas cores claras
que flertavam com meu humor e os olhos dela
(Jaque Barros)

sábado, fevereiro 22, 2014

"Eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim
Meu mundo é hoje não existe amanhã pra mim
Eu sou assim, assim morrerei um dia,

não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia."

(Wilson Batista)

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

se o eu te amo assusta mais que mil homens imundos nas calçadas ou nos ares bolas de chumbo em suas sangrentas cruzadas, me sinto entendendo nada. se me digo apaixonada e rebatem ser cilada logo é feita uma salada com coisas que me entristecem. revelada a encruzilhada que meu peito tanto aperta vou ficando mais calada, sinto a alma mais deserta.
(Jaque Barros)

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

não aguento os vídeo clipes com crianças. não aguento mentiras. as meninas de 15 que me piscam. os velhos avós e seus sorrisos. não aguento mentiras. não aguento ungidos. ultimos dias, ai. 
 

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

encaro o esboço da armadura frente ao espelho
ainda é cedo antes que ela se desmanche
nada me vale isso que derrete em terra
ela só cobre o que carrego desde antes
a minha carga de mil vidas presa em pele
tem mais valor que meu pescoço e diamantes
e os prazeres que a máquina hoje gera
deixa a verdade cada vez mais conflitante
preciso tanto dar um passo fora disso
mas sei que não devo forçar essa saída
por isso espero, paciente
por isso espero, já demente
por isso insisto em buscar porquês na vida.


(Jaque Barros)